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ECONOMÍA Y MEDIO AMBIENTE
6 de abril del 2010
“¿Que
tempos são esses, em que falar de árvores é quase um crime, pois implica
silenciar sobre tantas barbaridades?”
Bertold Brecht , Aos que vão nascer.
No intuito de se entender a relação entre economia e meio ambiente, é
necessário e importante se esclarecer, ainda que de forma breve, o significado
da relação entre o homem e a natureza através do trabalho.
A relação
homem/natureza sempre existiu, pois “nem a natureza objetivamente nem a
natureza subjetivamente existem de modo imediatamente adequado ao ser humano”
(Karl Marx). Sendo assim, a natureza há que ser transformada pela ação humana,
pelo trabalho humano que a submete e a ajusta às suas necessidades essenciais.
Portanto, como afirma Vázquez, “o homem só existe na relação prática com a
natureza. Na medida em que está – e não pode deixar de estar – nessa relação
ativa, produtiva, com ela, a natureza se lhe oferece como objeto de matéria de
sua atividade, ou como resultado desta, isto é, como natureza humanizada...”.
Com o advento do
capitalismo, esta relação fundamental entre o homem e a natureza sofre uma
profunda transformação. A lógica do lucro, inerente a esse regime de
propriedade privada dos meios de produção, faz do homem e da natureza fontes de
seu contínuo e crescente crescimento e reprodução. Os rudimentares instrumentos
de trabalho são substituídos por novos e permanentemente aperfeiçoados métodos
e implementos de produção, aumentando a capacidade produtiva do trabalho e,
portanto, a forma de apropriação da natureza, de maneira jamais experimentada
em outras épocas. Transformados em forças produtivas do e para o capital, os
meios de produção modernos não mais servem apenas de meios para retirar da
natureza os meios de subsistência humana, antes passam a ser utilizados
intensivamente para produzir os excedentes apropriados, na forma de lucro, pelo
capital.
É sob essa
conformação estrutural que aparece a relação entre economia e meio ambiente,
uma relação que denota o efeito predatório da produção capitalista sobre a
natureza e/ou sobre o meio ambiente.
Tanto a agricultura
explorada sob a forma capitalista como a indústria, em seu processo de
crescimento e de concentração, participam da busca incessante de lucros,
desencadeando e intensificando, para tanto, métodos deletérios à natureza onde
atuam.
A mecanização
acelerada, os agrotóxicos e outros elementos químicos utilizados no manejo da
terra e no trato dos animais são exemplos de métodos nocivos – ao homem e ao
meio ambiente – predominantes na agricultura capitalista. Na indústria, as
tecnologias empregadas ao longo dos duzentos anos do sistema fabril já causaram
danos irreparáveis à natureza e à existência humana.
As condições
degradantes a que o meio ambiente foi e ainda é submetido resultam dessa
exploração predatória empreendida pelo capital em sua interação com a natureza,
constituindo uma ameaça permanente ao equilíbrio ecológico.
A questão do meio
ambiente – a ecologia -, portanto, não pode ser abordada e/ou compreendida
independentemente de sua vinculação com a estrutura do regime capitalista de
produção. Se não for assim, as análises e proposições decorrentes serão inúteis
e ineficazes, pois que não partem dos alicerces do modo de produção do capital
que engendra, na sua busca obstinada de lucro, os efeitos destrutivos sobre o
meio ambiente. Tratar o meio ambiente isoladamente, fora de sua íntima conexão
com a economia de base capitalista, é o mesmo que navegar na superfície dos
fenômenos sem atingir a sua essência, ou seja, as particularidades inerentes e
distintivas do modo de produção capitalista.
É sob essa ótica da
relação intrínseca entre a economia (capitalista) e o meio ambiente que devem
ser tratadas questões fartamente divulgadas, mas não enfocadas em suas raízes.
Entre tantas outras questões, podem-se nominar: o aquecimento global; a camada
de ozônio; o lixo nuclear; os transgênicos; a devastação das florestas; a poluição
ambiental; o uso intensivo e indiscriminado de inseticidas; a emissão de
monóxido de carbono; os resíduos industriais e hospitalares; o esgotamento
acelerado de matérias-primas não renováveis; os constantes desastres ecológicos
provocados por resíduos químicos; a monocultura intensiva; as mudanças
climáticas; a pesca predatória; o extermínio da fauna e flora; a ocupação
desordenada do campo e das cidades; o surgimento de megalópoles e a crescente
favelização mundo afora; o aquecimento dos oceanos; e o comprometimento da
biodiversidade.
Ao contrário da
relação entre o homem e a natureza descrita inicialmente, onde a natureza é
humanizada pela ação do trabalho humano ou, ainda, transformada para a
humanidade ao se objetivar em produtos para a satisfação das necessidades do
homem, tem-se agora uma relação totalmente desvirtualizada. No capitalismo, a
ligação entre o homem e a natureza se estabelece de forma desumanizadora.
Ao invés de objetos de uso para a humanidade, o capital extrai implacavelmente tudo
da natureza que possibilita a obtenção de produtos vendáveis e/ou lucrativos
para si, de forma crescente e avassaladora, dado o extraordinário
desenvolvimento das forças produtivas que ele próprio promove. A natureza se
torna, para o capital, um meio de satisfação e realização da ganância de
poucos, em detrimento da imensa população de agora e por
vir.
Concessa Vaz de
Macedo é professora da UFMG e economista
Ari de Oliveira Zenha é economista
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